isa ribeiro

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outro dia, eu e Fabinho estávamos na cozinha, tentando acompanhar nossos pitocos: um na minha frente, outra atrás de mim. Ele me cutucou para eu olhar a fofurice de Elis, e eu cutuquei ele para olhar para a gracinha do Levi. Nós dois nos viramos pra ver e, logo, perdemos outra coisa. Em vão, praticamente estávamos tentando estar em dois lugares ao mesmo tempo. olhamos para uma coisa, perdemos um pouco da outra. olhamos pra uma tela, perdemos um pássaro passando. Olhamos para o café coando, perdemos a cachorra pegando o próprio rabo. quando meu filho me cutuca pedindo pra brincar e eu penso que consigo responder uma pessoa e olhar para ele ao mesmo tempo... entendo: não se divide olhar. nesse mesmo dia, me lembrei de um poema de Drummond que diz, “no meio do caminho tinha uma pedra.” E a pedra seja isso: o limite do nosso olhar. Limite da gente.. a impossibilidade de abarcar tudo, a necessidade de escolher por onde a gente passa.. e, quando nos ausentamos, advinha? o mundo segue girando... Não se divide o olhar. e pensar nesse olhar inteiro, entregue, me faz me ausentar um bom tanto daquilo que me desvia de para onde quero continuar olhando. Para onde o tempo não me suga, não performa.. Me faz parar e pensar: para onde estou escolhendo olhar agora? porque a vida insiste em nos pedir isso o tempo todo.... né?

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como mulher, fui instruída a cuidar de absolutamente tudo, tudo, antes de mim. ensinada a nutrir, a estar disponível. mas quase nunca a me nutrir. ter mais tempo por muito tempo foi uma grande fantasia. o tempo só passou a correr diferente quando alguns “nãos” se tornaram frases completas, quando o “agora se tornou agora” e “o depois, depois”. No livro Florescer, Martin Selligman diz que o florescimento não se conecta no sentido produtivista, mas ao estado de vitalidade pela vida. não acredito que viramos a “melhor versão”, mas que nós nos assumimos para nós mesmas. nos assumimos quando nos permitimos nos surpreender com o que ainda não sabemos de nós. Quando somos mais flexíveis, mais gentis, mais curiosas com o que vive e deixa de viver dentro de gente. às vezes é um café rápido, às vezes um vinho demorado. quase sempre é cantar loucamente no carro, escrever sozinha, ver - um terço de - filme depois que a casa silencia. entre uma pausa e outra, o tempo não determina que o reencontro de si vai acontecer. mas são nos instantes em que me vejo como alguém que, acima de tudo, eu posso contar - e não deixarei na mão. nesses instantes, quando assumimos o compromisso com nós mesmas, que o tempo talvez pare por alguns segundos suficientes para respirar…. o que ninguém pode fazer por nós.

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não desperdiçar a chance do processo ✨ Um pouco do que rolou hoje nos nossos encontros de Escrita para Virar a página de 2025 ???? às vezes me faltam palavras pra descrever! Sério. Quem tá lá, acho que me entende, né? ???? ✨ pra quem me perguntou sobre mais uma Oficina Presencial em SP, entra no link que está nos stories pra compormos essa turma!

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entre frestas, tempo lento em dias corridos ????

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✨ bora economizar em outras coisas. nas palavras, a gente se entrega ao pé da letra. Marca aqui quem você quer agradecer a existência ????

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nos lambuzamos ???? Ps: deixei o melhor pro final mesmo kk vale cada segundo.

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tem quem pense que quem fez, fez em 2025.. mas o encontro de escrita de hoje, me lembrou que o tempo é feito de travessias. E que abraçar a transitoriedade das coisas é, também, criar espaços pra recomeçar ou começar até quando parece já estar no final. Escrever nos ensina a transformar o que se despede e o que chega… em palavra. O primeiro encontro de escrita do Atellie de Palavras - Página de Virada ✨ foi sobre tudo isso: o vazio, o começo e o silêncio (por vezes insuportável, por vezes suficiente) que precede a criação seja lá do que for. e sobre como, o importante é começar a permitir existir. as palavras são ótimas pra esses começos ????

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as vezes o que a gente mais precisa é falar daquilo que falta. não com intuito de preencher, mas de observar, conhecer, perceber. um tanto diferente do que estamos fazendo: tampando todas as faltas da vida com algum minuto de tela ou até mesmo com um vício em manter-se ocupado no trabalho ou hobby que está em alta … é, algumas faltas só precisam ser sustentadas, pra que o desejo continue respirando. E esse é o motor da vida. O que vcs pensam sobre isso? ✨

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sei lá. com trilha sonora a gente é capaz de tudo ????

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